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sábado, 19 de março de 2011

Quilombo de Palmas, a vitória da Legitimidade




Waly Salomão afirma no Poema Zumbi que: “A felicidade do negro é uma felicidade guerreira”, Pois busca incessantemente sem deixar de ser feliz seu espaço estirpado e sua imagem maculada por um Brasil ainda racista, somente isto já são motivos para justificar o quanto ser negro demanda extrema luta para garantir condições mínimas para uma vida com dignidade.
Em abril do ano passado presenciamos um ataque ao direito constititucional de Ir e Vir na Comunidade Quilombola de Palmas, no interior da cidade de Bagé, região Campanha do Rio Grande do Sul quando o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) realizava os procedimentos técnicos para demarcação das terras quilombolas centenas de latifundiários interromperam a medição bloqueando o acesso da comunidade por cerca de um mês, constrangindo os moradores e visitantes que eram obrigados a se identificarem como se fossem criminosos. Crianças que deveriam ir para escola ficaram amendrotadas, quem necessitava de atendimento médico levava mais tempo justificando a saída do que o próprio procedimento de saúde que seria submetido.
A União de entidades como Ceafro Kilombo de Bagé, MNU, IACOREQ e órgãos públicos como a Defensoria Pública da União e Ministério Público Federal buscaram o restabelecimento da ordem e da verdade. Os segmentos da Sociedade Civil entenderam que a titulação das terras de quilombo é justo e acima de tudo é uma dívida do Estado brasileiro com os remanescentes quilombolas deste país.
Este episódio desencadeou a cisão e uma desconfiança efêmera no seio de uma comunidade que até então vivia num verdadeiro paraíso, ainda que em terras lúgubres . Esses descendentes do privilégio monárquico(latifúndios) de um país que no passado escolheu quem seria pobre e quem teria direito a riqueza, tiveram suas mentiras derrubadas como a muralha de Jericó, ao soar das trombetas da justiça, a imprensa livre e independente prevaleceu e os quilombolas de palmas tem o que comemorar.
Na sexta-feira 11 de março de 2011 foi eleita e empossada a nova diretoria legítima, amparada no estatuto e na plenitude de suas prerrogativas; venceu quem representa a defesa dos quilombolas, os que trouxeram o Programa Luz para Todos e através dele a Energia Elétrica, a Inclusão Digital e a Rádio Comunitária, dentre outros benefícios, calaram-se os capitães do mato da modernidade, pois não tiveram legitimidade e nem coragem para participar do pleito, compreendemos os explorados intelectualmente e os financeiramente coagidos, mas as guerreiras e os guerreiros de Zumbi resistiram e venceram o medo, a covardia, o poder e o dinheiro, que não conseguiram calar a voz daqueles que carregam em seu coração a felicidade guerreira, e perseguem a justiça, afirmando seus ideias de resgate e valorização da história deste povo que também contribuiu e muito para o desenvolvimento do Brasil, portanto terra para os quilombolas, que cumpra-se a Lei , feliz daqueles que labutam pela justiça.

César Jacinto- Membro da Coordenação Política Estadual do Congresso de Negras e Negros do Brasil(CONNEB)-RS
-Integrante da Articulação de Clubes Sociais Negros
- Pesquisador da História e Cultura Afro-brasileira

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