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terça-feira, 27 de novembro de 2012


Um vinte de novembro para ser comemorado

Como forma de prestar uma homenagem às entidades que marcam a data de hoje como Dia da Consciência Negra, o Editorial do jornal FOLHA do SUL cede espaço ao ativista dos movimentos afro-descendentes de Bagé, César Jacinto.

O ano de 2012 poderia ser um ano qualquer para os milhões de brasileiros. Mas, especificamente, este ano marcou um fato importante: finalmente a Suprema Corte Brasileira definiu que as cotas com recorte racial para ingressar nas universidades públicas brasileiras são constitucionais, O STF reconheceu que o sistema adotado por dezenas de universidades públicas brasileiras tem cumprido o objetivo de diminuir as desigualdades entre negros e brancos e pesquisas comprovam que os alunos cotistas tiveram desempenho igual ou superior. Aos não cotistas, esta pesquisa referendou a decisão acima citada.
Não é normal ver sempre a mesma cena nas universidades, ou seja, a não presença da população negra nos bancos universitários é algo tão visível, que sempre chamou a atenção de governantes internacionais, que ficavam perplexos com um país com tantos negros, mas sem representação considerável na academia.
O sistema de vestibular até poucos anos, único meio de ingressar, principalmente nas universidades públicas brasileiras, tinha como critério a meritocracia, os mais preparados, os mais fortes triunfavam diante dos mais fracos. Numa sociedade injusta e desigual os mais fortes representam aqueles que tiveram oportunidades e benefícios em detrimento de outros que sempre fizeram parte do grupo dos dominados, que nem sempre é minoritário.
O Ministro Joaquim Barbosa (negro) em sua argumentação durante seu voto conseguiu estabelecer o quanto estas medidas, denominadas afirmativas, são importantes instrumentos na diminuição das desigualdades arquitetadas anos após anos num Brasil que fomentou a miséria e a pobreza de populações específicas, dentre elas a negra e a indígena. “Essas medidas visam a combater não somente manifestações flagrantes de discriminação, mas a discriminação de fato, que é absolutamente enraizada na sociedade e, de tão enraizada, as pessoas não a percebem".
Um Brasil desenvolvido se faz com políticas que possam contemplar as diferenças e atender estas especificidades. Ao contrário do que apregoa a grande mídia, as cotas vêm para tornar o país com igualdade de fato e material, com esta decisão do STF vamos dar um grande passo para tornar esta nação digna de todos os seus filhos.
 
César Jacinto
Membro da Coordenação Política Estadual do Movimento Negro
Pesquisador da História e Cultura Afro-brasileira    

entrevista concedida para o Jornal Folha do Sul de Bagé-RS


Conquistas e desafios marcam a data segundo César Jacinto
Conquistas e desafios marcam a data segundo César Jacinto
Crédito: Antonio Rocha
por Marcelo Pimenta e Silva
 
O dia 20 de novembro marca a data nacional da Consciência Negra. Em todo o Brasil, inúmeras atividades referendam o dia como um momento de reflexão e de debate sobre as lutas da população negra pela igualdade de direitos e pelo fim de todo tipo de preconceito.
Para o integrante do Movimento Negro, ex-presidente do Ceafro Kilombo, César Jacinto, a data é importante e vem de contraponto ao 13 de maio de 1888, data da Abolição da Escravatura. “Uma data que significou o desemprego, o não acesso à saúde, o não acesso à educação. Uma data que fez com que nossa população fosse subjugada e caísse na marginalidade nas cidades. Uma data que trouxe a partir do tempo diversas proibições ao samba, ao candomblé, a capoeira, enfim a toda a manifestação cultural e religiosa do povo negro que seria recriminada e consolidasse um preconceito histórico”, afirma Jacinto que aponta como uma das principais dificuldades para a população negra o acesso ao mercado de trabalho e a melhores cargos e salários. “Não temos uma pesquisa, mas temos depoimentos de trabalhadores que ganham menos em locais de trabalho onde atuam na mesma função e com o mesmo tempo de estudo de outras pessoas, mas pelo fato de serem negros têm salários mais baixos. Isso sem falar no preconceito que as vezes é duplo, no caso da mulher negra que sofre preconceito de gênero e racial”. Para ele, em comparação a outros estados do Brasil, o Rio Grande do Sul avançou em diversos aspectos, mas são necessárias mais conquistas.
 
Uma luta de séculos em vinte anos
Os avanços são feitos com a conscientização da população e a educação é passo importante para essa quebra de paradigmas. Uma luta que segundo Jacinto tem como proposta transformar uma visão de realidade construída em cerca de 500 anos de história do Brasil. “Na realidade o Brasil acorda para esse tipo de política pública que reconhece oficialmente que vivemos num país racista no governo Fernando Henrique Cardoso e depois no governo Lula e isso não tem nem vinte anos”, comenta César Jacinto que reitera que a população negra clama por uma maior velocidade no desenvolvimento das políticas públicas como também pela conscientização da sociedade, principalmente na área da educação. “A escola tem papel fundamental no comprometimento dos professores ao discutir essas questões na sala de aula".  
 
Educação e inclusão
De acordo com César Jacinto, o município já inseriu nos conhecimentos de história e geografia essa nova abordagem, a partir da Lei 10639, que obriga as escolas de ensino públicas e privadas a implementar a história e a cultura afro em seus currículos. “Mesmo assim nós ainda encontramos muitas dificuldades. Isso porque ainda existem professores que não querem trabalhar com a diversidade; ainda tem alguma resistência por parte de suas equipes diretivas. As escolas particulares fizeram muito pouco nessa questão. Vamos tentar fazer um trabalho nas escolas privadas porque não se tem notícia alguma de inserção desse material para os alunos da rede privada de Bagé e região”, comenta.

 
A saúde da população negra
No campo da saúde da população negra, César Jacinto destaca o trabalho que começou a ser feito a partir de 2010 com a realização de um seminário regional de saúde da população negra em Bagé. “A partir daí nós criamos o Comitê Técnico da Saúde da População Negra em Bagé. Também já existe uma Comissão de Etnias no Conselho Municipal de Saúde que trabalha a questão de ver as especificidades da saúde da população negra, indígena, das comunidades tradicionais”, conta.
Outras ações apontadas são a realização de um seminário no município de Hulha Negra, no ano de 2011, quando houve a criação de uma comissão de saúde da população negra. Neste ano, houve a criação do Comitê Técnico da Saúde da População Negra de Candiota. “O objetivo é levar essa discussão a outros municípios. Nós esbarramos na questão financeira porque envolve recursos para fazer os eventos e trazer palestrantes, mas isso não impede de seguirmos trabalhando e dialogando sobre esse tema”. afirma César Jacinto que ressalta que o ano de 2012 se encerra com um saldo positivo para a comunidade negra do Brasil. “A histórica decisão do Supremo Tribunal Federal que considera as cotas raciais nas universidades constitucionais é o principal fator para a população negra comemorar neste ano. No entanto, é algo que deveria ter vindo há mais tempo”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Publico expressivo prestigia lançamento do livro da Psicóloga Cláudia Corral


    Publico de todas idades e de diversas representações da comunidade prestigiaram na 15ª Feira do Livro de Bagé na noite do dia 01 de outubro o lançamento do livro da psicóloga Claúdia Corral, que apresenta como tema: "Bullying: Fenômeno sem rosto". a obra é resultado de uma ampla pesquisa realizada pela professora universitária com a colaboração dos alunos, Fernanda Felartigas dos Santos, Giovana Gonçalves Menezes, Juliano Morais Velleda, Rosani Azambuja Nogueira
 do curso de Psicologia da URCAMP(Universidade da Região Campanha) em diversas escolas do município de Bagé. Cláudia Corral também é professora na UERGS(Universiade Estadual do Rio Grande do Sul), onde desenvolve projetos junto a comunidade quilombola de Palmas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Psicóloga e professora Universitária Cláudia Corral lança livro na 15ª Feira do Livro em Bagé

     Na próxima segunda-feira, 01 de outubro de 2012, às 19 horas a professora universitária e psicóloga Cláudia Corral lança o seu primeiro livro na 15ª Feira do Livro de Bagé denominado: "Bullying, um fenômeno sem rosto".  O livro foi escrito a partir de trabalho de pesquisa da mestre em saúde Pública e também Psicopedagoga realizada em escolas no município de Bagé efetuado com alunos de psicologia. atualmente cláudia é docente na UERGS e URCAMP, em Bagé.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Formação Pedagógica em Hulha Negra abordou a história e Cultura Afro-brasileira



    
     
      

       Com intuito de estabelecer novas práticas pedagógicas no cotidiano escolar, foi organizado no dia 18 de maio, pelo Centro de Estudos e Cultura Afro-brasileiro(Ceafro Kilombo) em parceria com a Secretaria de Educação do município formação pedagógica sobre inclusão da Lei 10.639/03 de forma transversal nos currículos da educação básica, o evento ocorreu no município de Hulha Negra na Escola Municipal de Ensino Fundamental Monteiro Lobato. A profa. Especialista Emilinha Macedo Luz, coordenadora de educação da entidade do Movimento Negro de Bagé abordou no turno da manhã sugestões para trabalhar com os alunos dos anos finais e a tarde atividades práticas e o trato pedagógico com os anos iniciais, Emilinha trabalha com a questão desde 2001. Outra painelista foi a Profa. formada em história e doutora em educação da UERGS, Fani Tesseler, que falou da cosmologia africana e a importância do negro na formação do povo brasileiro, já a pedagoga e doutora em educação, Viviane Castro Camozzato relacionou as relações de poder na escola a partir do pensar e fazer e as práticas pedagógicas. o evento teve apoio também do Prociba/Oraper com participação de professores dos anos iniciais e finais do ensino fundamental de Hulha Negra. Este foi mais um evento de formação de professores organizado pelo Ceafro kilombo, que faz formação desde 2005. a avaliação foi positiva pelos participantes, assim como pelos painelistas e organizadores.  César Jacinto citou um exemplo de que as formações tem apresentado resultados, quando lembrou que a seis anos fez uma palestra na Escola Nova esperança de Hulha Negra e a profa. Fabiana Costa Rosa Hellwig era uma assistente e se tornou nos últimos anos uma multiplicadora não só para os alunos, mas também é painelista no projeto: A influência Negra na Bicentenária Bagé e o Negro no Rio Grande do Sul, "atitudes e exemplos como estes é que nos fazem ir a frente", afirmou Jacinto. Para ele é importante que os municípios, através das suas secretarias de educação promovam encontros para aplicarem a Lei 10.639/03.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Gestores, profissionais de saúde, movimento negro e quilombola reuniram-se para debater a saúde da população negra e quilombola em Candiota


Na última sexta, 13 de janeiro no município de Candiota ocorreu o 1º Seminário sobre saúde da População Negra e Quilombola com ampla participação do Movimento Social Negro e Quilombolas, sendo uma realização da Secretaria de Saúde de Candiota e organizado pelo Centro de Estudos e Cultura Afro-brasileiro Kilombo de Bagé, o evento também contou com apoio do convênio Prociba/Oraper(Programa cidadão Bagense/Oficinas Regionales Analises Políticas Equidad Raciales), que estão conveniados para desenvolver políticas públicas e programas para equidade racial  em toda região, a partir de experiências em outros países da América Latina.
      O evento contou com a presença da Prof.ª do curso de medicina da UFRGS e pós doutora em medicina, Lúcia Silla, o chefe do Serviço de Auditoria do SUS no RS, Stênio Dias Pinto Rodrigues; Presidente da Associação Gaúcha de Anemia Falciforme, Neusa Carvalho e a Conselheira Estadual de Saúde, Sandra Gomes da Silva. O objetivo do seminário foi alertar e capacitar os profissionais da saúde para as especifidades da saúde da população negra. O Prefeito Luiz Carlos Folador abordou em seu pronunciamento sobre as Políticas Públicas implementadas pelo município para a população negra e quilombola assim como ressaltou a importância do evento, que tem como  objetivo debater e buscar ações em relação a igualdade racial. O Secretário Ancelmo Camillo agradeceu a organização do evento e afirmou que irá implantar as políticas apresentadas no seminário. O evento teve representação do Quilombo Candiota, Quilombo de Palmas, Comitê Técnico da Saúde da População Negra de Bagé e outras representações. César Jacinto responsável pela organização agradeceu a todos ressaltando a parceria com a Secretaria de Saúde de Candiota e o apoio do Prociba/Oraper no desenvolvimento das atividades regionais para equidade racial.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Secretaria do Trabalho e Assistência Social de Bagé entregou brinquedos para crianças da Comunidade Quilombola de Palmas

           No últiimo dia 28 de dezembro na localidade da pedreira, na Comunidade Quilombola de Palmas, a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social de Bagé realizou festa para as crianças com entrega de brinquedos e distribuição de bolo, doces e refrigerante. A Secretária Andréia Rosa colocou que a Comunidade tem recebido diversos programas da secretaria e que 2012 diversos projetos de trabalho e renda serão desenvolvidos na comunidade.