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terça-feira, 7 de junho de 2011

Violência Policial causa extermínio da População Negra no Brasil

Decorridos 123 anos do fim da escravidão oficial no país, o racismo institucionalizado continua fazendo suas vítimas. Não bastassem os índices vergonhosos de desigualdade entre a população negra e não-negra em todos indicadores básicos, a violência do Estado tem se manifestado justamente pelo o ente que deveria proteger a sociedade: A Polícia. Nos últimos anos, cenas de despreparo, combinado com o racismo institucionalizado tem causado a morte de jovens estudantes e trabalhadores em todo Brasil pelo simples fato de serem negros, resultando na diminuição da expectativa de vida desta etnia.


Entre 2002 e 2008 no Brasil, o número de brancos assassinados caiu 22,3%. A morte de negros cresceu em proporção semelhante: os índices foram 20% maiores, em média. Em algumas unidades da federação, os números se aproximam de características de extermínio: na Paraíba, campeã desta triste estatística, são mortos 1.083% (isso mesmo) mais negros do que brancos. Em Alagoas, 974% mais. E na Bahia, os assassinatos de negros superam em 439,8% os de brancos.

De acordo com o “Mapa da Violência 2011: Os jovens do Brasil”, pesquisa encomendada pelo Ministério da Justiça ao Instituto Sangari, o grau de vitimização da população negra é alarmante, sendo 103,4% maior as chances de morrer uma pessoa negra, se comparada a uma branca; e 127,6% a probabilidade de morte de um jovem negro [15 a 25 anos] a de um branco da mesma faixa etária.

A declaração da cor da pele em documentos oficiais como certidão de nascimento e de óbito, por exemplo, tem propiciado o conhecimento mais detalhado de estatísticas referentes a suicídios e homicídios. No Brasil segundo o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro tem uma proporção de 170 negros assinados para 100 brancos, em cada cem mil brasileiros. Estes números crescem assustadoramente num país tropical e abençoado por Deus, mas que parece escolher os seus bandidos e mocinhos.

No Rio Grande do Sul se desconhece ações preventivas adotadas pelas instituições da segurança Pública com intuito de repassar aos egressos das escolas de formação, principalmente da Brigada Militar, que realiza o policiamento ostensivo a preocupação com a temática étnico-racial.

A confidência de um ex. integrante de torcida organizada ilustra o quadro: “Mesmo sendo um baderneiro, que incitava a bagunça e a violência não era nem mesmo revistado pela polícia, por meu fenótipo europeu, a culpa sempre recaía nos integrantes negros, ainda que estes não estivessem fazendo balburdia, acabavam sendo rendidos e sofriam a repressão”.

A sociedade brasileira que paga os salários, inclusive dos policiais não suporta mais o extermínio da juventude negra, por isso o 13 de maio continua sendo uma data a não ser comemorada pelo conjunto das entidades do Movimento Social Negro, além de não ter garantido acesso a educação, saúde, moradia e trabalho perpetuou o racismo institucional que se manifesta nas abordagens policiais. Um Brasil moderno que avança nas políticas de inclusão e se torna uma economia cada vez mais sólida deve extirpar este câncer maligno para felicidade geral da nação.



César Jacinto

- Membro da Coordenação Política Estadual do Congresso de Negras e Negros do Brasil

- Pesquisador da História e Cultura Afro-brasileira

- Ex. presidente e fundador do Centro de Estudos e Cultura afro-brasileiro Kilombo de Bagé, RS


Bagé-RS






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